quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Os rostos do fracasso


Que mais irá acontecer para que o Queirós abandone a Selecção? Sem comentários a goleada de 6-2 do Brasil. Tenho vergonha de ter elogiado Queirós no Verão... afinal, "burro velho, não aprende línguas".

Uma solução de recurso, Madaíl: Bora Milutinovic. Levou 5 selecções diferentes a fases finais do Campeonato do Mundo e 4 delas passaram além da 1ªfase... Saía mais barato que o lírico da bola, qual Artur Jorge versão 2.0.

1 comentário:

André Garcia disse...

Veradeiramente arrasadora, a crónica de Eugénio Queirós (não devem ser da mesma familia...), chamada "Professor Pardal":
Há religiões que começam com muito menos. Esta começou com um projecto. Carlos Queiroz trouxe A Luz da modernidade ao futebol português em forma de dossier pois ainda não havia power point quando o milagre aconteceu.

Sem passado como praticante, chegou ao futebol dito profissional pela mão de Mário Wilson e depois foi chamado para algum protagonismo por José Augusto. Teve, por isso, dois grandes padrinhos. Outros se terão seguido.

O segundo milagre aconteceu em Riade, na Arábia Saudita, onde fica Meca. O profeta anunciava uma revolução no futebol português com a conquista do Mundial de sub-20. Dois anos depois, em Lisboa, repetiu o feito. Não se sabe muito bem como, não trocaram a estátua do marquês de Pombal pela sua figura. Convenhamos: seria uma espécie de heresia pois um foi mestre da construção, o homem é catedrático da desconstrução.

Carlos Queiroz tem um jeito sedutor. É uma técnica muito próxima da usada pelos vendedores do "Círculo de Leitores", com uma pitada de filosofia tupperware. Também é verdade que muitas vezes é pouca a diferença entre um livro e uma torradeira, com o pormenor lamentável de o primeiro não aquecer o pão.

Carlos Queiroz também tem muitos amigos. Indefectíveis. Hiperbólicos nas horas boas, mudos nas más.

Quando se fizer a história do futebol português, lá mais para diante, quando a Sibéria promover férias na praia e Bora-Bora férias na neve, íremos falar todos da "Fase Queirosiana". Tal como na literatura portuguesa do final do século XIX, também o actual seleccionador se assume como a maior figura da sua área, uma espécie de Alípio Severo Abranhos, popularizado por Eça como Conde d'Abranhos.

Ok, eu sei. Este Queiroz correu o mundo. Esteve no Japão a treinar e escapou a um terramoto. Esteve na África do Sul a seleccionar e tornou-se bastante popular nas mercearias e mini-mercados de Joanesburgo. Passou pelos Estados Unidos com um projecto e saiu de lá como um projéctil disparado em Cabo Canaveral. Dispenso apêndices curriculares e passo de imediato para a sua experiência à frente de um super Sporting, onde conseguiu ser mais instável e beligerante que Santana Lopes. Ah, claro, num intervalo do seu ciclo de Manchester passou pelas Portas do Sol, em Madrid, e saiu pela sombra, depois de bater um recorde negativo de 5 derrotas consecutivas dos merengues. Ferguson acolheu-o com ternura e rapidamente a Manchester começaram a chegar os propagandistas do costume para vender a ideia de que em Manchester o treinador era ele. Ele, Queiroz. O outro apenas criava cavalos de corrida.

Aqui chegados, vamos com Queiroz na selecção de desastre em desastre até à vitória final. Ou seja, até ao dia em que a selecção nacional voltará a ter um treinador de futebol.